segunda-feira, 2 de março de 2009

Um verdadeiro programa de entretenimento. Mas verdadeiro mesmo.

Que fazer num sábado à noite, quando já se foi ao cinema, quando se voltou para casa e não há sombra de João Pestana no horizonte que venha adormecer Alfacinhas? Aceita-se o convite das vizinhas, para ir ver as Victoires de la Musique, imitação à maneira gaulesa dos Emmy Music Awards.
Sentadinhas no sofá, de pantufas e um prato de sopa nos joelhos, acendem a televisão. A irreverente artista Anais, jovem menina desengonçada, prepara-se para entrar em cena, cantar o seu novo êxito: Peut-être une angine. Oi? Como disse? Talvez uma angina? Isto é o título da música? Diz que sim. Ainda abananada com o nome do tema musical, a Alfacinha vê entrar em palco três cavalos com respectivos cavaleiros, um dos quais, a dita Anais. Tudo mascarado a rigor para um ambiente western. Muito à frente. A menina agita-se, talvez epilepsia?, salta, talvez hiperactividade?, percorre o palco com ar de ah-sou-tão-má-sou-tão-rebelde. E começa o refrão:

J’ai attrapé le mal de toi
Ou peut-être une angine ?
Papapalalala
Peut-être une angine
Papapalalala
Peut-être une angine
Papapalalala
Peut-être une angine
Papapalalala
Peut-être une angine
Papapalalala
Peut-être une angine
Papapalalala

Elaborado. Repetitivo, talvez amnésia?.
Eis senão quando, caso nunca visto, num gesto de imensa fúria, talvez TPM?, Anais salta para a plateia. Visa uma presa e atira-se a ela, um pobre coitado de jeans, que provavelmente se esqueceu que ia a um programa sério, a uma festa de gala. Anais não larga o rapaz, talvez monomania?. E como se não bastasse ter virado as câmaras todas para ele, ainda o puxa pelo braço, anda cá, vamos para o palco vai ser mais divertido. A contra gosto, de costas para as câmaras, lá vai a vítima. Depois de um pezinho de dança, espetam-no em cima do cavalo e põem-no a dar uma voltinha em palco. Só que o chão escorrega… Por trás da Anais, que ainda se desgasta em gritinhos esganiçados, talvez futuramente afonia?, o cavalo dá um espalhanço monumental, uma pata para cada lado. O pobre do cavaleiro improvisado teve de se agarrar com toda a força para não ser ejectado borda fora.
Talvez uma entorse para um, talvez uma síndrome pós-traumática para outro.

Je détale comme l’appendicite
Je me sens vidée comme une truite
Tu retournes mon estomac
C’est toi que j’ai
Au fond de moi
Ou peut-être un Alien ?
Papapalalala
Peut-être un Alien ?
Papapalalala
Peut-être un Alien ?
Papapalalala
Peut-être un Alien ?
Papapalalala
Peut-être un Alien ?
Papapalalala
Peut-être un Alien ?
Papapalalala

Para ver o momento alto, ter a paciência de chegar até ao minuto 2'30.