domingo, 17 de maio de 2009

Caro leitor

Era quinta-feira. Compraste a revista Sábado, como fazes todas as semanas. Sentaste-te no teu sofá, ao fim da tarde, naquela hora morta em que a barriga começa a pedir jantar, mas a preguiça é grande demais para tratar disso. Ou então era hora de almoço e sentaste-te em tête à tête com a dita revista enquanto comias um bitoque com batatas fritas e bebias uma cerveja no snack-bar da esquina.

Estavas tu, retomemos, com a revista. "Brasil: nove paraísos por descobrir". Sugestivo, tentador. Começas a folhear, passas a publicidade, dás com a menina-Colecção-Aprender de dedinho no ar, bem comportadinha, muito bem. Lês as breves, as citações de famosos, com respectivas fotografias, pobre Lili, aliás. Vês uma menina crescida, de dedo na boca, Megan Fox, ao que parece. Lês tudo sobre a amiga da Amália e não podes deixar de sentir um prazerzinho fininho ao saber mais da vida dela.

Mas adiante, avanças, Brasil em mente.
E aí está ele, com uma paisagem de sonho logo a abrir. Aí o teu estômago acalma-se ou o teu bitoque sabe-te melhor, é consoante. Folheias sofregamente, sonhas com a tua toalha de praia ali estendida, sim aquela que está guardada há um ano, que a esta hora cheira a mofo ou a naftalina… é consoante. Suspiras, lês umas coisas, vais sonhando. Até que viras a página, e dás com o Nuno Rogeiro. Brusco regresso à realidade! E com o teu dedo encervejado viras a página. Santana Lopes em grande, “Saem duas minis para ser como o povo”. Ups! Sem querer, meteste-lhe uma dedada de cerveja na testa… Olhas para o relógio, já se fazem horas de avançar no teu programa do dia. Aí, dás com o Miguel Portas a esbracejar, como se te dissesse: sim claro, vai jantar ou paga a conta, é consoante, mas de que estás à espera, mexe-te! Perturbado com a convicção do gesto, continuas a folhear a revista. Intriga-te o misterioso Senhor Não, intriga-te a vida discreta do rendeiro, intriga-te o inferno do senhor Rómulo. Estremeces com as letras gordas “Tenho uma doença grave”. Derivado à pequenez das “tatuagens ridículas”, aproximas a revista dos olhos. Fazes um esgar.

Chegas à “Bovary portuguesa”. Mas que raio é isto, pensas tu. Vês a Jennifer Jones, uaaaah, e ao lado, a foto de uma miúda com ar encravado. E pões-te a ler o artigo. E à medida que vais lendo, vais ficando interessado na história dos manuscritos. Mas não podes deixar de ir franzindo o sobrolho, ao pensar: que miúda maluca, doida varrida, não bate bem da bola, tadinha, tarada, tarada?, sim tarada, sem mais nada que fazer, nerd perfeita a bem dizer. A versão crescidinha da menina-Colecção-Aprender, bem comportadinha, sim, mas tarada, não “naquele” sentido... E porque te apeteceu prolongar a hora de almoço ou retardar a hora de jantar, é consoante, foste ver o blog da dita.
E cá estás.

Bem, isto tudo só para dizer bem-vindo! Ah sim, e para dizer também que talvez a dita não seja assim tão nerd quanto parece à primeira vista. Pelo menos assim se espera…

Aquelas paisagens que viste do Brasil… poderás ver umas semelhantes aqui no blog daqui a um mês. A Alfacinha vai para Natal fazer um estágio de neurociências…

Segunda coisa a assinalar: a Alfacinha vem doze páginas antes da Beyoncé. Notável. Grande orgulho. Mãe: é altura de contares a anedota da Sininho, da Fiona e da Angelina Jolie. Vá-la, coragem, por escrito é capaz de funcionar.



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