domingo, 3 de junho de 2007

A Alfacinha e o reencontro com os Contes de la Rue Broca


Estava a Alfacinha a passar em frente a uma estante de livros em casa dos seus estimados vizinhos, quando vê a lombada branca com letras pretas que marcou a sua infância: «Les contes de la Rue Broca». Fanny, emprestas-mo…? Regressou a casa com o livro entre as mãos, aos tremeliques, como se trouxesse um tesouro. Mas é um tesouro!
Este é o livro responsável pela colecção de bruxas da Alfacinha, que pairam penduradas no seu quarto, ainda pairam, não pairam, mãe? Não voaram para longe? Não me abandonaram, pois não, mãe? Diz-lhes que voo para Lisboa em breve, que também tenho saudades delas e que quando voltar faço-lhes muitos miminhos. Era a Sorcière de la Rue Mouffetard que preenchia o seu imaginário. Sorcière, sorcière, prends garde à ton… Era por causa deste livro que de cada vez que vinha a Paris pedia, muito séria, podemos ir à Rue Mouffetard?
E agora, com a emoção dos seus 10 anos intacta, prepara-se para mergulhar de novo no mundo da bruxa, do casal de meias, da boneca Scoubidou qui sait tout, da batata amiga da guitarra… Estou pronta. Abre o livro, começa a virar as páginas poeirentas, de um livro há muito guardado numa estante, de um livro há muito arrumado nas prateleiras da memória, e com um sorriso começa a ler…
«As crianças compreendem tudo. Se fossem os únicos leitores deste livro, nunca me teria lembrado de escrever este prefácio. Mas desconfio que estes contos serão lidos por pessoas crescidas. Por isso, acho que devo dar algumas explicações.»
Começa bem… Espero não ser já demasiado velha!
E surgiu então a imagem daquele dia em que a Alfacinha foi à biblioteca da Primária, depois de anos e anos sem lá entrar, lembras-te Marta?. Foi uma sensação estranhíssima, desconcertante, quase surrealista, de Querida,-ampliei-os-miúdos: não estava na escala, não se enquadrava no cenário! Não cabia nas cadeiras, as mesas chegavam-lhe aos joelhos, a mezzanine, digna de Romeus e Julietas na altura, dava-lhe agora pelos ombros, tenho de me baixar para poder passar… E o anfiteatro, que parecia gigantesco, um verdadeiro coliseu, afinal não passava de meia dúzia de degraus em meio círculo…
Está qualquer coisa a mexer no armário atrás de mim. Espero que não seja a bruxa! De qualquer maneira tenho as palavras mágicas:
Sorcière, sorcière, prends garde à ton derrière !





4 comentários:

Mab disse...

Filhinha,
as bruxinhas estão intactas, à tua espera, sim.
Também eu guardo boas recordações, pois, também eu fiz o percurso de leituras que tu descreves. Também eu fui à Rue Mouffetard para ver se encontrava algures, a vassoura da sorcière...

Anónimo disse...

Finalmente percebo a tua paixão pelas bruxas! São quantas ao todo?!
(desculpem-me todos os leitores que lêem este blog, mas as que eu ofereci à Mariana são as mais lindas!- ou mais horrorosas neste caso) :P

Oh, o dia da biblioteca ficará sempre na minha memória! Esse e muitos que passei contigo naquele liceu! Se pudesse revivia tudinho!

Beijinhos para uma bruxinha sem vassoura na mão e sem teias de aranha (espero eu!)

P.S: Ainda estou para perceber como fomos TÃO pequeninas...

gracanieto disse...

Porque não consigo entrar?

gracanieto disse...

Ah! Parece que sim! Adorei perceber finalmente a razão porque a densidade de bruxinhas no quarto da Mariana era tão elevada!
Bruxinha ou não, os textos são espantosos, continue, estamos a gostar. E quanto ao cérebro dizem os ditos cientistas que o sub-utilizamos, será verdade? É que nestas alturas não parece nada..... Um beijo Graça