sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Música no Coração

Na sua estadia em Natal, a Alfacinha não parou de dar ao pé e de cantarolar, ao som de muita música.

Havia as festas em casa, onde as pessoas tocavam e cantavam, não vamos falar disso no passado, está bem? Uma guitarra pelo menos, um pandeiro, um djembé e outros instrumentos mais exóticos dão o ritmo e a cor à música. Todos cantam, todos tocam, todos sorriem e todos se deixam levar. As canções sucedem-se sem intervalos, a guitarra dá três notinhas e toda a turma acompanha. Todos conhecem as letras. Começa-se com Chico Buarque: Construção, Quem te viu quem te vê, A banda, João e Maria… Mais tarde ou mais cedo, alguém: “Agora Fado Tropical, para a portuguesa!”. Depois Cartola sai da cartola, e à medida que a noite vai avançando vêm Los Hermanos… até de madrugada.


Houve também o concerto do grupo Diogo Guanabara e Macaxeira Jazz. Numa sala de espectáculos pequena e acolhedora, o grupo apresentou-se de forma bem alegre, até soltou uma piada de portugueses… Uma guitarra, um baixo, um piano, um bandolim endiabrado e uma bateria, e toca a andar num ritmo animado, impossível de não guardar o sorriso nos lábios. (www.macaxeirajazz.com)


Houve também o Feijão com Rock. Festival domingueiro, todos os meses, perdido numa fazenda ao quilómetro 114 da BR101 (cadê a quilometragem na berma?), com as famílias daqueles que um dia foram motoqueiros jovens. Agora barrigudos, peludos, e com moleques a correr à volta mas ainda de preto vestidos. Ambiente pacato, em torno de uma feijoada que a Alfacinha não hesitou em provar. Até que na última garfada: “Você tem mesmo confiança nessa feijoada?”




Houve também o Chorinho… Ali encaixado num cruzamento no bairro da Ribeira, toda a sexta-feira alguns músicos se reúnem para tocar chorinho. As pessoas vêm, cantam, dançam e bebem. Uma multidão, na verdade, bem apertadinha, com uns focos de fumo branco aqui e ali: são os “espetinhos” a fumegar. Natal inteiro caiu ali, naquela sexta-feira em que os músicos voltaram das férias. Toda a gente se conhecia, toda a gente dava grandes abraços de re-encontro. Todas as fofocas de Natal se desenvolveram naquela noite, pois todos os protagonistas de todas as fofocas estavam todos presentes.

Havia também os acordares musicais na Vila de Ponta Negra. Logo pelas sete da manhã entrava pela janela da Alfacinha um forró bem enérgico. A preferência dos seus vizinhos ia para o novo CD dos Aviões do Forró. Preferência e amor tão grande à música que até acompanhavam cantando. Ao fim de alguns segundos, ding!, a Alfacinha reconhecia os acordes de uma qualquer música estrangeira bem conhecida, agora versão forró, com letras a condizer. “É Aviões… É Aviões do Forró… Volume 3, vamo s’embora!”. Assim, em vez de ouvir a Rhianna falar do seu guarda-chuva, ouve os Aviões dizer: “Você esnobou meu sentimento, depois voltou com seus lamentos… Amo você, eh… Mas se não valorizar vai me perder, eh… Pode ter a certeza…”. Uma pérola, bom para começar bem um bom dia. Existem outros grupos de forró, com nomes sugestivos: Chiclete com banana, Cuscuz com leite, Bikini Cavadão ou Tua mãe é minha boy, mas infelizmente a Alfacinha não teve tempo de os conhecer de forma aprofundada…
Nesta terra todo o mundo canta, todo o mundo toca, todo o mundo dança.
Até o genérico do telejornal tem samba em música de fundo.
Até a música de espera do telefone do laboratório é bossa-nova.
É só alegria.

2 comentários:

Porfirio Silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Porfirio Silva disse...

Mas que reportagem!!