A praça de Saint Michel transforma-se totalmente entre as 7 e as 8: torna-se o ponto de encontro de toda a gente que tem programa para a noite. O mais prático, o mais simples, o mais central. Enche-se então a praça de pessoas solitárias de mãos nos bolsos, com o olhar saltitante, à procura do respectivo, à procura de um lugar onde se encostar para não ficar ali, desconfortavelmente, de pé, tentando não estar no meio da passagem, mas permanecendo visível ao mesmo tempo, tentando escapar aos japoneses fotógrafos que apontam para todo o lado, tentando parecer natural, preparando o clássico «tinha acabado de chegar» para quando aparecer a tão esperada companhia. O melhor é mesmo arranjar um espacinho onde estacionar, contra um poste de iluminação, contra uma parede, ou melhor ainda sentado ao pé da fonte, naquele ângulo estratégico que varia com o vento em que a água do repuxo não é desviada.
E hoje, lá está a Alfacinha, no meio da praça, à espera, de Pariscope nas mãos, acessório que vai folheando para dar um ar de estava-ocupada-não-faz-mal-ter-esperado-este-bocadinho. Dá uns passinhos, pára, olha em volta, troca de perna de apoio, olha em volta, mais uns passinhos, pára. Nada.
Toca o telefone da senhora do lado. A dita atira-se à sua carteira, procura em todos os bolsos o aparelho sem o encontrar, claro, enquanto o olhar percorre as redondezas, na esperança que a chamada coincida com a chegada da sua companhia. Minha senhora: acha que se ele(a) estivesse aqui, a vê-la, lhe estava a telefonar…?
À esquerda da Alfacinha, passos apressados e decididos na sua direcção. Volta a cabeça, preparando já um sorriso, feliz por ser a próxima a ir embora. Mas não, não era para ela. Ora bolas.
Mesmo à sua frente, um senhor anda às voltinhas, mãos nos bolsos, mãos na cintura, todo chique, aposto que tem um encontro romântico, braços cruzados, olhares à roda, suspiros de impaciência, vê as horas. Mãos nos bolsos, mais uma voltinha, espreita para a saída do metro, nada, braços cruzados. Vê as horas. Ainda nada.
Mariana?
Ah, é a minha vez.
E hoje, lá está a Alfacinha, no meio da praça, à espera, de Pariscope nas mãos, acessório que vai folheando para dar um ar de estava-ocupada-não-faz-mal-ter-esperado-este-bocadinho. Dá uns passinhos, pára, olha em volta, troca de perna de apoio, olha em volta, mais uns passinhos, pára. Nada.
Toca o telefone da senhora do lado. A dita atira-se à sua carteira, procura em todos os bolsos o aparelho sem o encontrar, claro, enquanto o olhar percorre as redondezas, na esperança que a chamada coincida com a chegada da sua companhia. Minha senhora: acha que se ele(a) estivesse aqui, a vê-la, lhe estava a telefonar…?
À esquerda da Alfacinha, passos apressados e decididos na sua direcção. Volta a cabeça, preparando já um sorriso, feliz por ser a próxima a ir embora. Mas não, não era para ela. Ora bolas.
Mesmo à sua frente, um senhor anda às voltinhas, mãos nos bolsos, mãos na cintura, todo chique, aposto que tem um encontro romântico, braços cruzados, olhares à roda, suspiros de impaciência, vê as horas. Mãos nos bolsos, mais uma voltinha, espreita para a saída do metro, nada, braços cruzados. Vê as horas. Ainda nada.
Mariana?
Ah, é a minha vez.
3 comentários:
Alfacinha,
Paris palpita nas suas descrições. Como consegue estar tão próxima da realidade, transmitir-nos as imagens como se de um filme se tratasse?
Mil vezes bravo. O seu futuro como escritora, como cenarista, como ... está assegurado.
Fico impaciente pelo próximo post.
Também me lembro de ter estado aí à espera! :) com a Inês...à tua espera!! Mas que saudades desses dias!
Não sei como não te lembraste do blog antes... Talvez não fizesse tanto(!) sentido. Mas agora faz! Estás de parabéns; está maravilhoso!
Um grande beijinho desta amiga que te "segue" atentamente
Tera o "Mariana" soado mais "Marrrriana" pronunciado pela estonteante brasa Alema com quem me casei no ano passado?
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